domingo, 6 de julho de 2008

Programação Experimental em Educação -SEV

Programação Experimental
em Educação

Serviço de Ensino Vocacional


(Digitado por Renata G. Delduque, em 14 de junho de 2008)





Com a mudança social que se vem operando de forma cada vez mais acelerada, assistem os educadores à transformação da escala de valores admitida pela geração adulta, à variação de expectativas de conduta dessa mudança, à colocação de novos motivos de realização, à ruptura de preconceitos que são substituídos por outros, à infiltração cada vez mais dinâmica das técnicas de informação à opinião pública, as transformações sócio-políticas que afetam por sua vez o próprio conceito de liderança.
Se admitirmos que a educação é um processo contínuo de modificação de conceitos e formas de conduta, decorre que o quadro educacional definido em objetivos, técnicas e conteúdos não pode ser estático, e ser considerado válido por longo espaço de tempo.

A necessidade fundamental de uma Educação é que parta do homem concreto situado num contexto social. Essa Educação tem como conceito a realidade através do diálogo e da crítica, e como objetivo primordial à participação do homem no processo de transformação da natureza.

Nesse aspecto tornam-se fundamentais as experiências educacionais. Essas experiências em qualquer nível de ensino têm como objetivo principal à procura de formas educacionais compatíveis com a realidade brasileira.

Embora mais da metade da população brasileira se encontre na faixa etária da juventude, embora o sistema escolar seja altamente seletivo não permitindo ainda o acesso à escola a elevadíssimo número de crianças e de jovens, não se trata de luxo o desenvolvimento de programas experimentais no campo da educação. Já é tempo de superarmos as soluções empíricas e de gabinete para a busca, na prática e na experimentação, dos critérios científicos e, por isso, mais objetivos da educação em nosso país.

Em se tratando de escolas secundárias de educação renovada, devem constituir vasto campo de investigação pedagógica e ao mesmo tempo exercerem papel de estimulação de novas proposições educacionais.

É importantíssimo repetir hoje e repetir sempre que é somente respeitando as liberdades humanas e colocando a pessoa como centro de transformação do mundo, num clima de liberdade, que se realiza o pleno desenvolvimento de personalidades.

É dentro desse clima de liberdade que o jovem conhece a realidade social e forma em relação à mesma uma atitude crítica.

É este clima de liberdade que envolve um nível de consciência, capaz de evidenciar para o jovem seu papel, num mundo em transformação.

O processo de educação deve ser entendido como um treino constante de opções que permitirá ao jovem, no contato com os outros, a descoberta de si mesmo e o fará um cidadão independente, capaz de agir no meio em que se encontra.

Ensino Vocacional

Os Ginásios Vocacionais, instituídos pela lei n. 6.052, de 3-2-61, constituem uma modalidade de escola secundária, enquadrada na Lei de Diretrizes e Bases de Educação que permite atender o encaminhamento de problemas que se têm apresentado na estrutura do Ginásio Acadêmico.

O Ensino Vocacional do Estado está subordinado a um órgão coordenador nos aspectos pedagógicos e administrativos que é o Serviço do Ensino Vocacional e este, por sua vez, subordinado à Secretaria dos Negócios da Educação do Estado.

O Serviço do Ensino Vocacional se organiza através de um sistema de 6 unidades escolares, sendo que cinco delas funcionam desde o biênio 1962 e 1963.

A experiência de Ginásio Vocacional que ora se estende para cursos noturnos e para 2º ciclo de nível médio ou curso colegial constitui trabalho inédito na história da Educação Brasileira.

Currículo atendendo às condições de mudança

Essa preocupação com os problemas educacionais, especialmente com aqueles que estão diretamente ligados à ação sistemática promovida pela escola, é de ordem universal.

No momento, educadores de várias partes do mundo colocam profundas indagações sobre a direção que está sendo traçada para a solução dos problemas de desenvolvimento da personalidade da criança e do jovem. Pois, no acelerado processo de mudança social em que se vive, surgem dificuldades sempre novas que emergem dos efeitos desse mesmo processo.

Não bastam conhecimentos mais ou menos elaborados ou os instrumentos de algumas técnicas mais ou menos amadurecidas. As melhores técnicas perdem, rapidamente, seu significado e adequação diante das novas necessidades e estimulações do quadro social.

A direção das técnicas de educação e do processo educativo de um modo geral ampara-se na concepção de que o homem é ser do mundo e no mundo, responsável pela sua transformação.

Porque, não surge só como filosofia, só o homem considerado como ser conscientes poderá assumir a tarefa de construir a história. E construindo-a é que ele se torna homem com os outros homens.

Com essa perspectiva, a educação se torna processo sempre crescente de comunicação e de ação transformadora. Sob esse mesmo aspecto, o trabalho pedagógico aparece como um conjunto de respostas às necessidades de desenvolvimento de pessoas e de grupos de uma sociedade num determinado tempo e lugar.

A utilização de recursos técnicos em educação, por exemplo, deve prever essa direção, pois, somente assim, a ação educativa – que é uma ação transformadora – poderá assumir um caráter profundamente dinâmico e corresponder às exigências de desenvolvimento das pessoas e dos grupos. Porém, no processo educativo, o planejamento implica na mobilização de técnicas estruturadas segundo os recursos das ciências humanas e estes recursos devem ser manipulados de modo que se estabeleça uma relação crítica entre eles e o processo a que servem.

Então, a programação do processo educativo envolverá, forçosamente, a idéia de planejamento da educação num determinado tempo e para determinado grupo.

Se a ação educativa é realizada de forma sistemática através da escola, compete a esta última elaborar esse planejamento.

A escola, na realização do processo educativo, fará o planejamento de currículo que vem a ser toda ação planejada por educadores com a preocupação de possibilitar-lhes um salto qualitativo no desenvolvimento da personalidade.

Analisando a realidade através de dados objetivos, a caracterização dos problemas que devem ser equacionados, o estabelecimento de metas que nortearão o processo, a seleção de recursos para a execução, a previsão de acompanhamento e da constante avaliação do processo, o planejamento do currículo pode ser efetuado.

Deve-se supor, também, a avaliação global que permitirá visualizar os resultados e criar condições de reformulação.

Por que a pesquisa de Comunidade?


Atendendo-se àscondições de mudanças e planejamento de currículo, para cada Ginásio Estadual Vocacional instalado, precedeu-se ao levantamento das características das comunidades onde eles se implantaram.

Como os problemas e fenômenos universais e nacionais afetam, de uma ou outra forma, a vida das comunidades, é importante saber as aspirações e expectativas quanto à escolaridade, realização profissional e status social, nível de escolaridade e determinação do nível sócio-econômico da população, investigando também qual o ideal de escola que a comunidade propõe e qual o índice de receptividade de um novo tipo de escola.

Há necessidade, também, de se fazer estudos mais particularizados sobre a clientela que efetivamente participa da ação educativa, por meio de entrevistas.

Essas entrevistas são feitas de acordo com cada tipo de clientela, prevendo-se as peculiaridades de cada comunidade, e são realizadas por entrevistadores que estão dentro dessa problemática.

Valiosíssima foi a entrevista procedida no corrente ano com alunos que cursam a 1ª série do Ginásio Vocacional Noturno. Com esses jovens de 14 a 18 anos, fez-se em 1º lugar o levantamento da estrutura sócio-econômica, sua posição no mercado de trabalho, sua participação em instituições culturais, recreativas, etc.

Com antecedência, podia-se conhecer então, para o planejamento do currículo, a necessidade da criação de um “banco de emprego” e estruturação mais adequada de horário.

Em 2º lugar, o destaque coube à situação psico-social desses jovens.

Entre os componentes dessa situação, salientam-se a escala de valores dominantes como ser honesto, trabalhador, bom marido; a dificuldade de expressão; a resistência à formação de grupos de amigos, a insegurança quanto a emprego aliada à preocupação com a subsistência; o imediatismo; o tipo de expressão gráfica; a ignorância dos direitos; a tendência à submissão; os baixos níveis de aspiração; a noção do valor do estudo; a colaboração com a família; a preocupação sexual.

Com esses dados em mãos, a equipe de professores e orientadores pode articular, com realismo, a programação e a integração do currículo, procurando dar maior realce à técnica de trabalho em grupo, acentuando a preocupação com a área de Português, levando a um nível mais profundo a educação sexual e muitos outros aspectos.

Importância da definição dos objetivos

O processo educativo deve prover-se de um procedimento crítico suficientemente flexível para se dar conta das necessidades e problemas mais gerais, bem como das necessidades e problemas imediatos de um grupo de alunos e mesmo de um único educando, sem todavia, reduzir a ação pedagógica a um aglomerado de simples respostas imediatas.

Assim, i processo educativo assimila seus compromissos imediatos em estruturações cientificamente fundamentadas, mas o faz através de um ininterrupto confronto crítico com sua própria dimensão prospectiva. Essa dimensão prospectiva do processo é de certa forma explicitada no conjunto dos seus objetivos.

Especificamente serão apresentados os objetivos do 2º ciclo do Colégio Estadual Vocacional Oswaldo Aranha, da capital, para estabelecermos algumas considerações.

É proposta, em 1º plano, a formação diversificada do técnico de nível médio, dando continuidade ao processo educativo desenvolvido no 1º ciclo vocacional.

Dar condições para os educandos explorarem continuamente suas aptidões na direção dos mais variados campos profissionais ligados à ciência, à arte e à técnica.

É a única forma dos educandos terem oportunidades cada vez maiores de buscar o conhecimento de si mesmos e de suas possibilidades de realização, pois os interesses e aptidões vão se manifestando no decorrer do curso.

Com o reforço oferecido pela experiência de trabalho, na qual são inseridos, novas condições lhes são fornecidas para o encaminhamento a estudos posteriores e à realização profissional.

Outro objetivo é o de integrar o jovem na realidade social brasileira, criando meios para que participe crítica e construtivamente desta realidade. Neste sentido é que, a compreensão do homem a que todos deverão chegar está ligada à própria compreensão do homem brasileiro. Impõe-se que o trabalho em que o jovem esteja envolvido implique, necessariamente, os conteúdos que encontra no estudo e, inversamente, delineie no estudo as exigências de sua prática.

Não se estabelece linha divisória entre a ciência e a técnica, pois ambas aparecem na cultura profundamente interpenetradas. A dimensão de uma e de outra é dada pela posição de trabalho que o homem assume.

Tais proposições levarão o jovem a uma atitude de constante revisão do próprio processo e o levarão à percepção de que é agente da história.

O que é planejamento de currículo? E o porquê da sua necessidade?

Havendo o planejamento geral da educação, o do currículo segue como um dos seus desdobramentos.

Considerando o que já foi dito, não podemos esquecer que o ritmo de mudança social, sentido na educação de países em desenvolvimento, oferece condições diferentes de estimulação ou restrição à execução de certas proposições que poderiam ser válidas, em decorrência da análise destas mesmas realidades.

Entre as condições de estimulação e de restrição podemos situar a tradição, os preconceitos, o poder de comunicação decorrente do grande avanço tecnológico, o sentimento de necessidades comuns e mesmo a organização político-administrativa de um país.

Embora nenhuma proposição de currículo possa estar desvinculada da estrutura educacional administrativa vigente, nada impede que novas proposições venham questionar a própria estrutura.

É por isso que a este conhecimento da realidade social na gradação universal, continental e nacional é necessário associar o estudo, com base de pesquisa de campo.

O estudo da realidade social completa-se, pois, com o conhecimento dos traços mais marcantes da comunidade. É o primeiro passo para o planejamento de um currículo.

Como 2ª condição de planejamento de currículo surge o conhecimento do elemento humano em função do qual este será construído.

Tratando-se de escola secundária, deve-se estudar, então, a caracterização de comportamentos de crianças e jovens situados em determinada faixa etária.

Tendo em mãos essas manifestações comportamentais médias e apreendidas as generalidades, esse conhecimento é objetivado através de entrevistas, provas e outros recursos.

De posse dos dados fundamentais de realidade social e de clientela, somente aí os planejadores de currículo poderão refletir sobre a direção conveniente de suas proposições diante da concepção do homem e do mundo, já admitida.

No momento de definir os objetivos deve-se também determinar a direção que os mesmos assumirão. Essa direção será exatamente o núcleo do currículo.

O núcleo do currículo

A idéia de núcleo do currículo se prende ao próprio conceito de currículo.

Primeiramente, o que é currículo?

É todo o conjunto de experiências proposto pela escola visando o atendimento dos objetivos e incluindo os meios de avaliação. O currículo deve funcionar como um todo dinâmico onde as menores experiências apresentadas têm o significado profundo de definições filosóficas.

Sendo o currículo definido como um todo, desaparece forçosamente a divisão estanque entre as matérias e a programação isolada de cada uma delas.

Isto porque o processo educativo, pela sua especialidade, apresenta situações globais e integradas e exige que os conceitos sejam trabalhados na sua universalidade.

Então, se todo conteúdo de currículo é um conteúdo de cultura, a seleção de experiências de educação exige a seleção dos diversos aspectos de cultura.

E esta seleção deve ser pensada pelos educadores como resposta prática às proposições teóricas.

E dessa forma deve ser considerado também que, na medida em que um grupo de jovens cria padrões e forma atitudes decorrentes da valoração de diferentes situações, terá possibilidade de interpretar todos os eventos contidos no processo histórico.

Essa condição exigirá dos educadores uma penetração cada vez maior na prática dos valores que estão implícitos no currículo e, do ponto de vista metodológico, surgem novas exigências de comportamento para eles.

A organização do currículo, como reelaboração da cultura, elimina as linhas divisórias dos diversos campos da especialização humana. Portanto, os grandes problemas focalizados pelo currículo devem guardar íntima relação entre si e permitir a seqüência natural e lógica de sua apresentação, de modo que o último problema apresentado seja uma síntese dos demais. Essa colocação de problemas se transforma, assim, numa verdadeira linha evolutiva de estimulação da aprendizagem e do conhecimento.

O que importa, pois, é estabelecer as linhas mestras através das quais os problemas serão enfocados e eles devem revelar grande identidade com os objetivos.

A definição dada por nós ao núcleo do currículo difere da proposição pragmática traduzida por núcleo básico.

Considerando-se que o currículo deve levar a uma visão antropológica da cultura, núcleo do currículo será uma idéia ou um grande conceito que sintetiza a linha essencial dos objetivos na apreensão desta cultura, que dinamiza todos os recursos do processo educativo e que significa a seqüência de problemas, dando-lhes a unidade desejada.

Essa idéia deverá estar presente em todos os momentos da ação educativa. Deverá ter implicações universais, mas estará vinculada à realidade próxima em que vivem os educandos, pois, somente assim, cada um deles, poderá treinar a condição de ‘ser universal’.

Ele não é um manipulado pela educação, passa a elaborar o processo.

O núcleo do currículo é um instrumento de direção interpretativa da cultura e conseqüentemente compreensão da historicidade do homem.

Da definição de um determinado núcleo de currículo surgirão as unidades pedagógicas, os conteúdos de aprendizagem, as experiências e vivências para o jovem. Supõe também uma dimensão de técnicas pedagógicas já conhecidas e a criação de outras. E todo o processo de avaliação deve convergir para o núcleo do currículo.

O planejamento da avaliação, a sistematização e as técnicas educativas são as últimas etapas na elaboração de um planejamento de currículo.

No currículo de Ginásio Vocacional, dada a definição de seus objetivos, esta posição tem sido assumida por Estudos Sociais.

Dada a caracterização do educando, como púbere ou adolescente, torna-se fundamental planejar o currículo de modo a criar condições para o aparecimento de algumas instituições que possibilitem melhor comunicação de todos.

Como é desenvolvido o currículo na prática

Uma vez organizado o currículo, integralmente, em função do núcleo do currículo, que é a idéia diretriz do processo educativo, o mesmo é desenvolvido através de Unidades Pedagógicas.

As Unidades Pedagógicas constituem-se de questões ou problemas em torno dos quais se organiza toda a experiência educacional do aluno, num determinado período de tempo.

Então, para serem atingidos aqueles conceitos contidos no núcleo do currículo, os problemas propostos para a análise dos alunos devem ser de real interesse, de grande atualidade e devem ter, entre si, uma íntima relação, de modo que cada um deles seja, de certa forma, suscitado pelo anterior e se abra num outro mais amplo.

Integração

Importa dar ao aluno a visão do mundo em que ele vive, uma visão antropológica da cultura e condições para sua participação no social.

Isto significa ter capacidade para interpretar, objetivamente, os fatos da natureza e da cultura, pois existe uma unidade profunda na natureza e no conjunto das criações humanas.

É impossível trabalhar com os alunos por matérias compartimentadas, sem fazê-los entender essa unidade da natureza e da cultura, sem levá-los a perceber a interpretação dos fatos e a universalidade dos conceitos.

A integração das áreas do currículo ou das “matérias” transformou-se num princípio fundamental do processo educativo e, em vista disso, trabalha-se, no Ginásio vocacional, pelo processo de Unidades Pedagógicas.

O aprendizado não está ligado apenas à modificação da conduta exterior, mas, conforme Piaget, a forma exterior de agir deve corresponder a uma modificação do pensamento e é preciso considerar o processo pelo qual se organiza o pensamento.

O conhecimento deve ser assimilado, portanto, e incorporado a um esquema, a uma totalidade organizada, cujos elementos internos correspondem-se mútua e necessariamente.

A ação didática consiste em provocar as operações que mobilizam os esquemas assimilatórios, levando ao início de reações sempre mais complexas.

Então, na estrutura do processo de aprendizagem, a integração se impõe como uma exigência psicológica do ser que aprende.

O sujeito que aprende elabora um conhecimento novo, modifica seus esquemas anteriores, amplia e aprofunda sua experiência, tornando-a capaz de ir percebendo a complexidade da natureza e da cultura, superando os limites dos campos de conhecimento, para apreendê-la no seu todo.

Desse modo, o desencadeamento de um processo educativo integrado se faz através da Unidade Pedagógica que, proposta sob a forma de um problema ou uma questão, vai gerar o desequilíbrio interno e estimula o pensamento na busca de um novo equilíbrio, através das operações que desencadeia.

Para planejar uma unidade pedagógica há que considerar:

Os objetivos a atingir, em torno dos quais se faz a integração do trabalho.

Os conceitos a serem elaborados, dependendo das diversas áreas e prevendo as vivências pelas quais os alunos devem passar.

A seleção dos conteúdos das diferentes áreas vem atender aos objetivos e respondem ao tema da Unidade Pedagógica.

As técnicas de trabalho são instrumentos que, desenvolvendo o conteúdo, levam o aluno a formar conceitos e atitudes.

As instituições didático-pedagógicas, ligada a uma área, oportunizam as mais diferentes vivências.

As formas de avaliação do processo em execução devem possibilitar uma verdadeira verificação do quanto e de como se conseguiu realizar os objetivos propostos.

A integração surge, então, não como uma forma de aproximar áreas do currículo, mas como um princípio que se impõe pela realidade cultural a ser apreendida, pela estrutura do processo de aprendizagem e que norteia todo o trabalho da Unidade Pedagógica.

Para execução deste programa, deve haver uma equipe de professores que planeja, executa e avalia o trabalho.

Técnicas

No desenvolvimento do processo educativo, algumas situações vão se organizando numa linha evolutiva.

São elas decorrentes das experiências que correspondem, mais diretamente, às motivações dos jovens educandos e assumem as características de trabalho em grupo mais estruturado. Ou transformam-se em realidades permanentes ou adquirem um caráter temporário, dependendo das necessidades sentidas pelos grupos e da natureza dos trabalhos que podem ser desenvolvidos.

O que é trabalho em grupo?

A técnica de trabalho em grupo tem, no Ensino Vocacional, uma posição de relevo porque é usada tanto por alunos como por professores em torno das fases de atividade escolar, sejam elas de planejamento, execução ou avaliação.

Quando aplicada ao trabalho de alunos, é usada em todas as áreas do currículo e em integração com as técnicas pedagógicas.

Então, uma situação de grupo, seja ela uma equipe de estudo, a cantina, o Banco Escolar, uma sessão de planejamento ou uma assembléia de síntese da Unidade Pedagógica, deve sempre favorecer a aprendizagem, oferecer condições para a formação e desenvolvimento do pensamento operatório; oferecer condições para a formação da atitude de cooperação – capacidade de pensar e de agir em grupo; propiciar treino de vida social e percepção de si mesmo e dos outros; propiciar treino de opção e condições de auto-afirmação; propiciar, finalmente, treino de independência, iniciativa e responsabilidade.

No Ensino Vocacional o treino de participação que a técnica de trabalho em grupo propicia se desenvolve numa linha evolutiva que envolve o adolescente, progressivamente, de 1ª a 4ª série.

Os professores também usam a técnica de trabalho em grupo nas fases de planejamento, execução e avaliação de suas atividades escolares.

Participam de sua equipe no ginásio, da equipe de sua área e da série que está sob sua responsabilidade, assim como das reuniões de planejamento anuais e semestrais.

O trabalho em grupo, no Sistema de Ensino Vocacional, assume uma posição bastante significativa e, à medida que envolve entre si professores e alunos, professores entre si e mesmo pais, faz da escola, realmente, um grupo social vivo e atuante, consciente de sua função social numa sociedade em mudança.

Das técnicas de estudo

A formação de conceitos propostos pelas Unidades Pedagógicas, os quais, integrados, vão significar à altura da 4ª série, a compreensão do Homem e do Mundo, proposta pelo núcleo do currículo, e a formação de pensamento lógico, para a independência intelectual – traduzem os objetivos das técnicas de estudo.

A linha progressiva para se conseguir a independência intelectual segue três níveis de estudo graduado que são o dirigido, supervisionado e livre.

O estudo do meio é outra técnica usadíssima nos ginásios vocacionais

De 1ª a 4ª série, estudando o próprio Ginásio, a Comunidade, o Estado, o Brasil e o Mundo, de forma dinâmica, encontra o aluno um grande número de oportunidades de sair da própria sala de aula, entrando em contato direto com a realidade através de uma experiência vivida.

Também os projetos, como técnica, são atividades realizadas por grupos espontâneos, à base de interesses comuns e, segundo a natureza dos mesmos, podem congregar adolescentes de diversas séries ou diversas turmas da mesma série.

Das instituições didático-pedagógicas

Sendo a maioria dos objetivos do Ensino Vocacional de natureza social, o aluno, através da passagem pelas diferentes séries, deverá aprofundar sua participação social nessas instituições, numa amplitude sempre crescente até a 4ª série.

A cantina, banco escolar, cooperativa, escritório contábil, instituições didático-pedagógicas, ficam sob a responsabilidade dos alunos a quem cabe organizá-las.

O Governo Estudantil surge também como instrumento de educação e se liga, intrinsecamente, à área de Estudos Sociais.

É uma fonte de vivências e experiências de atuação e participação do aluno.

Para a participação social consciente, e de forma sempre evolutiva, os alunos do Ginásio Vocacional, baseando-se em pesquisa de comunidade, desenvolvem uma ação, cujo principal objetivo é levá-los a assumir uma posição de cidadão consciente dos problemas e atuante na busca de soluções do mesmo.

Isto se faz por meio da Ação Comunitária.

Avaliação

A avaliação é atitude contínua em todo o trabalho cientificamente planejado.

Fato concreto da ação educativa, é o educando objeto do planejamento curricular que coloca a avaliação em termos de constatação de resultados da ação educativa sobre cada um.

Considerando-se as proposições filosóficas do ensino vocacional, o educando assume o papel de objetivo do currículo, enquanto tudo o que se planeja deve reverter em frutos de realização sobre ele. Mas, será também sujeito, na medida em que se torna participante do processo educativo. Se o educando é ser participante do processo, cabe-lhe assumir, continuamente, a avaliação do mesmo. Isto significa, simplesmente, que ele será solicitado a autoavaliar-se em todas as situaçõe de que venha participar.

Ao lado disso, é importante destacar que só poderemos propor com eficiência a autoavaliação do educando, na medida em que os educadores estiverem conscientes dos objetivos que propuseram, das técnicas que concretizam a busca dos mesmos na ação cotidiana e do controle sistemático que deverá se operar no desempenho do processo de trabalho.

Dada a condição imprescindível de objetividade em todos os critérios de avaliação, em dada área do currículo, como em qualquer campo de vivências, deve o educador definir os aspectos que serão avaliados nas diferentes etapas do processo educativo. Os dados de avaliação deverão ser registrados num processo contínuo, desde as primeiras experiências do educando no currículo, até o último momento de sua participação nele.

A observação dos comportamentos, os resultados constatados, o registro dos mesmos e da conseqüente análise são realizados pelo grupo de educadores, numa linha de integração com os orientadores pedagógicos e educacionais.

Todos os dados de avaliação, devidamente registrados, compõem o que denominamos F.O.A. (Ficha de Observação do Aluno).

É ela o instrumento básico de documentação de todo o processo educativo.

F.O. A. (Ficha de Observação do Aluno)

A F.O.A. é uma das técnicas básicas da documentação do processo de avaliação da ação educativa e, por isso, deve conter todos os dados desta ação.

A observação é uma técnica essencial no processo de avaliação.

Cada professor observa o desempenho de seus alunos, dentro de sua área, no uso das técnicas e na participação das instituições.

A diferença de natureza das áreas oferece larga oportunidade de observações. O mesmo pode-se dizer da variedade de técnicas aplicadas e situações de vivências oferecidas.

Além das instituições já mencionadas, das áreas como Português, Inglês, Francês, Matemática, Ciências, Estudos Sociais, Práticas Comerciais, Artes Industriais, Artes Plásticas, Educação Doméstica, Práticas Agrícolas, Educação Musical, Teatro, Educação Física, a observação incide sobre todos os aspectos da personalidade. É um processo contínuo, retratando a evolução do aluno durante todo o curso.

Usam-se, praticamente, dois tipos de registro dos dados observados.

- dados observados dos comportamentos do educando e
- dados da escolaridade do educando nas diferentes áreas, registrados sob a forma de conceitos.

É o Orientador Educacional que realiza a síntese das observações feitas pelos professores e que serão estudadas, cientificamente, na configuração de cada aluno.

A F.O.A., portanto, constitui peça vital na avaliação do aluno e no planejamento subseqüente da atuação com os mesmos; na configuração dos grupos; nas opções de áreas de iniciação científica, enfim, em todo o processo de Orientação Vocacional.

Fazendo parte da avaliação do processo educativo, existe o acompanhamento pós-escolar.

Os alunos egressos dos Ginásios Vocacionais, por programação prevista em Lei do Serviço de Ensino Vocacional, são acompanhados por três anos nos cursos imediatamente posteriores, nas empresas e locais ande vierem a trabalhar ou em ambas as situações, tendo em vista a continuidade do processo educativo.

Orientação Vocacional

A Orientação Vocacional nos Ginásios Vocacionais resulta de todo um processo de orientação educacional que se desenvolve da 1ª a 4ª série.

A Orientação Educacional, no Sistema de Ensino Vocacional, se propõe levar os adolescentes ao treino de opções baseadas no conhecimento racional dos fatos e situações, bem como na avaliação objetiva de suas possibilidades.

Além de uma ação direta com os alunos e seus pais, o serviço de orientação educacional tem uma ação coordenadora, planejando, executando e avaliando, em conjunto com outros orientadores, professores e demais técnicos.


Serviço do Ensino Vocacional
Rua Pensilvânia, 115 – Brooklin
São Paulo – 1969 - Brasil

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