sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Educação -Painel do Leitor da Folha de S.Paulo

Educação
Resposta:
"Concordo em parte com o historiador José de Anchieta Nobre de Almeida ('Painel do Leitor', 3/4).
Entendemos perfeitamente o valor que os Cieps do governador Brizola tiveram, mas isso foi em época posterior. Os Cieps foram criados na década de 80 por Darcy Ribeiro, quando era secretário da Educação no Rio de Janeiro, no governo de Leonel Brizola.
Muito antes do modelo de escola citado, havia outros modelos de escolas experimentais que a revolução fechou e nada trouxe para o lugar delas, quase apagando a memória delas dos anais sobre educação.
Vários experimentos educacionais tiveram pleno êxito, como a escola experimental de Socorro (1957/1962) e os ginásios vocacionais no Estado de São Paulo (1961/1969). Outras experiências tiveram êxito, como o Experimental da Lapa, de Jundiaí, de Campinas, Macedo Soares, Alberto Conte, Escola de Aplicação e outras.
Os ginásios vocacionais foram uma das maiores e bem-sucedidas experiências educacionais que aconteceram neste país. A importância de sua coordenadora, professora Maria Nilde Mascellani, foi tão grande que o Ciep de Americana foi inaugurado em 2007 com seu nome - o prefeito era do PTB.
A ditadura acabou com escolas maravilhosas sem trazer outra experiência em seu lugar. Poderia até ter colocado escolas como a de Agulhas Negras (de elite) para o povo em geral. Quem sabe?
Quem sabe os Cieps, as escolas vocacionais e as experimentais estariam funcionando até hoje.
Os valores caíram em desuso, e a educação parece perdida e sem rumo.
Mas nem tudo está perdido, só está faltando coragem politica. Não precisamos de prédios escolares, e sim de método e pedagogia vocacional ou tupiniquim, que já existe.
Será que nunca mais surgirão secretários de Educação como Luciano de Carvalho em São Paulo e Darcy Ribeiro no Rio?"

LUIZ CARLOS MARQUES, GVive - Memória Viva do Vocacional (São Paulo, SP)

A Pedagogia é uma jaboticaba?

A pedagogia é uma jaboticaba?

“A ESCOLA PODE MUDAR A VIDA DAS POPULAÇÕES MAIS POBRES....”

Será que a escola pode mudar somente a vida das populações mais pobres? Não estaria aí embutido um preconceito?

Ainda será que a nossa escola pública faz parte de um sistema educacional com “uma disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si e que funcionam como estrutura organizada” segundo o dicionário?.

Será que temos hoje um sistema educacional capaz de gerar transformações ou estamos ainda bastante atrelados à troca de experiências com especialistas internacionais na busca de uma pedagogia adequada a exemplo de outros paises em especial Cuba.

Não somos contra a troca de experiências bastante válida, mas nos rebelamos com a falta de memória da nossa historia da educação que despreza experiências bem sucedidas em especial as acontecidas nos anos 60 com as chamadas escolas renovadas entre as quais cito O Sistema de Ensino Vocacional , uma experimentação de educação pública comunitária , de formação do cidadão que validada deveria atingir a toda a escola publica do estado de São Paulo, que assim como outras experiências foi extinta pela Ditadura Militar mas também pelo lobby da educação privada de grupos que queriam garantir seu espaço elitista.


Ângelo Schoenacker ex- supervisor do Serviço de Ensino Vocacional

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

31/07/2009 - 01:24:41

Ensino público de qualidade
José Maurício de Oliveira*

Sei o quanto minha mulher e eu tivemos de ralar (e ainda ralaremos…) para garantir às nossas filhas o acesso ao conhecimento necessário para que possam governar suas vidas com autonomia e responsabilidade. Me considero um cara de sorte. Salvo alguns perrengues com as Serasas da vida, conseguimos até aqui pagar pela formação delas o que parte considerável dos brasileiros talvez não consiga juntar numa vida inteira.

Não estou entre os que veem no ensino formal a solução para todos os males da humanidade. Nem entre os que apontam o dedo para o Estado, responsabilizando-o exclusivamente pelas hordas de analfabetos funcionais ejetadas ano após ano das carteiras escolares para o mundo. Minha mania de juntar tudo com tudo (alguns definem isso como visão sistêmica) costuma sorrir diante de simplificações marqueteiras. Mas ainda não estou tão louco a ponto de desconsiderar que haja aqui uma questão, sim, e das mais cabeludas.

Nem poderia deixar de fazê-lo. Não acredito no ET de Varginha, mas sou testemunha de que já houve ensino público de qualidade. Aqui mesmo, no Brasil de Anísio Teixeira, Darci Ribeiro, Maria Nilde Mascelani, Olga Bechara e tantos outros trabalhadores da Educação que insistiram (muitos ainda insistem) em levar o ofício a sério.

Mais do que ver, vivi. Salvo uns poucos anos em que estudei, por conveniência familiar, no glorioso Externato Pequenópolis, toda a minha formação se deu em escolas públicas. Atribuo boa parte do que sou (para o bem e para o mal…) a uma delas em particular: o Ginásio Estadual Vocacional Osvaldo Aranha (GEVOA).

Obra de gente que não só acreditava num outro mundo possível, mas arregaçava as mangas e pegava pesado no batente para construí-lo. Nos espaços públicos, onde se dá a vida em sociedade. Num tempo em que isso ainda parecia viável (tenho dúvidas quanto aos dias de hoje, o que não quer dizer que não valha a pena morrer tentando).

Experiências como as dos ginásios vocacionais, na rede pública dos anos 60, guiavam-se por por uma palavrinha hoje meio fora de moda: práxis, essa estranha categoria dialética (outra palavrinha meio fora de moda) que teima em conectar reflexão e ação, o conhecimento da realidade e o ato que a transforma.

Transposto para o ensino formal, o conceito revolucionou currículos, métodos e práticas pedagógicas. Mais do que despejar informações enciclopédicas e desconectadas entre si, tratava-se de ensinar moleques como eu a serem sujeitos no mundo, a lidarem com a indissociabilidade das coisas da vida.

Na virada da maré, muitos dos responsáveis por tamanha ousadia acabaram pagando um preço alto - prisões, torturas, perseguições e tantas outras “gentilezas” destinadas aos que se atreveram a nadar contra a corrente da modernização conservadora, imposta a ferro e fogo pelos militares brasileiros em nome dos interesses privados que ainda hoje se alimentam do saque a descoberto contra a vida e o futuro.

No momento em que somos obrigados a lidar com o estrago que aqueles senhores, seus beneficiários e sucessores seguem causando, vários de nós, que tivemos o privilégio de antever o mundo que sonhamos para nós e nossos filhos, acreditam que o bom e velho Vocacional ainda tem o que ensinar.


A lição principal: se já existiu um dia, o ensino público de qualidade pode, sim, voltar a sê-lo. Nem que para isso tenhamos de reinventar a própria noção de espaço público, algo que pode soar um tanto exótico num tempo em que tudo se curva perante o altar do Deus-Mercadoria..

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Se você teve paciência para chegar até aqui, recomendo que fique mais um pouquinho e veja logo aí abaixo o documentário “Sete vidas eu tivesse…”, sobre o ensino vocacional no Estado de São Paulo, produzido em 2006 pela Turma de 1963 do GEVOA para comemorar os quarenta anos de nossa formatura. No embalo, ajudamos a criar o GVive, a associação dos ex-alunos das seis escolas públicas que, em 1969, foram impedidas de seguir seu curso inovador, após uma intervenção brutal do regime militar.

Na próxima quinta-feira (6/8), o documentário será exibido no SESC Paulista (avenida Paulista 119) junto com outros filmes e vídeos que resgatam a história dessa experiência. A mostra começa às 17h30. Se você estiver em São Paulo, dê um pulo lá para debater com a gente o que podemos fazer para democratizar o acesso ao conhecimento e ajudar a reconstruir o ensino público no Brasil. Seus filhos e netos agradecerão.

Clique em Play Now para ver o documentário. Ou aqui, para assisti-lo na TV Mercado Ético.

Sete vidas eu tivesse...: Play Now | Play in Popup


* José Maurício de Oliveira é jornalista, diretor de Redação do Mercado Ético.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

GANDHI

Última temporada em São Paulo.

Monólogo "Gandhi, um líder servidor"
Com João Signorelli

6 anos de sucesso!
Mais de 500 mil pessoas ja assistiram!
Agora no Espaço Cultural Alberico Rodrigues
Pça Benedito Calixto, 159 - Pinheiros.
Durante o mes de agosto : 15, 22, 23, 29 e 30
Duas Sessões: às 18 e 20 hr
Reservas: 3064.3920 e 3064.9737