sexta-feira, 12 de setembro de 2008

GVive Unidade Rio Claro - Relatorio atividades 2006/08


GVIVE – Unidade Rio Claro

Relatório de atividades

Prezados amigos da GVive,

Demorei, mas estou finalmente dando notícias de Rio Claro. Apesar de todas as dificuldades de tempo, não deixamos de trabalhar. Como vocês poderão verificar no relatório que segue, nosso trabalho com a atual escola onde funcionou o Ginásio Vocacional de Rio Claro tem sido muito intenso.
Acreditamos que tão importante quanto trabalhar pela preservação da memória dos Vocacionais é a melhoria da qualidade do ensino que hoje é oferecido nas unidades escolares de hoje. Por essa razão, nossas ações voltadas para os alunos que hoje freqüentam aquela unidade escolar tem sido o nosso foco.
Desde o ano de 2006, a GVive Rio Claro vem realizando uma série de ações que não apenas contemplam o objetivo disposto no Artigo I do estatuto da organização, qual seja o de “congregar todos os ex-alunos, ex-professores, ex-orientadores, ex-supervisores, ex-funcionários e amigos do extinto Sistema de Ensino Vocacional visando a continuidade do entendimento, da convivência, da fraternidade e da participação social, bem como para exercer e fazer valer seus objetivos sociais e pedagógicos”, mas que também têm tido um impacto direto sobre a realidade das pessoas que hoje estudam e trabalham na instituição onde funcionou o Ginásio Vocacional de Rio Claro. Essas ações têm sido voltadas tanto para os alunos como para o corpo docente.

O que segue é a lista das ações da GVive Rio Claro realizadas até o momento:

Julho 2006 – Custeio das despesas de inscrição e hospedagem de um professor da escola para participar do Congresso Internacional de Educação realizado no Centro de Convenções Frei Caneca em São Paulo.
Ago-Nov 2006 - Apoio à monografia “Propostas de formação e apropriações: um estudo com ex-alunos do Ginásio Vocacional de Rio Claro (1964-1967), de autoria de Eduardo José de Almeida Amos, apresentada como Trabalho de Graduação Interdisciplinar para a Faculdade de Educação da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Fevereiro de 2007 – Doação de 50 livros didáticos para o ensino de língua inglesa para os alunos do primeiro ano do Ensino Médio.
Maio de 2007 – Realização da I Mostra Fotográfica dos alunos da escola cujo tema foi “Rio Claro sob o nosso olhar”. A Mostra fez parte da programação oficial de eventos comemorativos da Semana da Cidade. A comissão julgadora foi formada por ex-alunos do GV Rio Claro, uma ex-professora de Artes e teve na presidência o ex-aluno do GEVOA Williams Barros que se deslocou de Porto Alegre especialmente para fazer a entrega dos prêmios na cerimônia de premiação.
Maio 2007 – Custeio de inscrição da diretora da escola e da coordenadora pedagógica para participarem do VI Simpósio do Laboratório de Gestão Educacional realizado na UNICAMP em 26 de maio de 2007 e que teve como tema "Gestão Educacional: Realidades e Compromissos”.
Novembro de 2007 – Realização do Encontro Comemorativo dos 40 anos de formatura da turma de 67 do Ginásio Vocacional de Rio Claro que contou com a presença de 23 ex-alunos, 12 ex-professores, a ex-diretora e uma ex-funcionária da cozinha.

Fevereiro de 2008 – Doação de 50 livros didáticos para o ensino de língua inglesa para os alunos do segundo ano do Ensino Médio.
Março de 2008 – Lançamento do programa de bolsa de estudos e início do processo de seleção de um aluno do segundo ano para participar do programa de intercâmbio promovido para organização AFS Interculturas. Essa bolsa, uma doação de um ex-aluno em nome da GVive, permitirá que um aluno da escola curse o terceiro ano do Ensino Médio em algum país a ser escolhido pelo candidato. O intercâmbio será realizado em 2009.

Próximas atividades:

Maio de 2008 – Projeto “Pro Dia Nascer Feliz” que inclui sessão de apresentação do filme Pro Dia Nascer Feliz, discussão com os alunos do primeiro ano e posterior visita à escola da professora Celsa Pastorelli que participou do filme, ocasião em que haverá um debate sobre o filme e sobre a educação brasileira entre a professora Celsa, os professores da escola e os alunos do primeiro ano.
Junho de 2008 – Realização da II Mostra Fotográfica dos alunos da escola que terá a água como tema. A mostra fará parte da programação oficial das comemorações da Semana da Cidade e, no segundo semestre, será transformada em mostra itinerante que percorrerá várias escolas de Rio Claro. Nossa idéia é levar, em 2009, a Mostra para todas as unidades onde funcionaram os Vocacionais no estado como uma forma de reconstruir os laços que existiam entre os alunos que estudavam nas várias unidades Vocacionais.
– Realização do I Concurso de Poesia dos alunos da escola que terá como prêmio à 10 melhores poesias uma visita ao Museu da Língua Portuguesa em São Paulo e uma visita à Editora Moderna onde os alunos terão um encontro com um poeta egresso da FEBEM que tem hoje livros publicados.
Julho de 2008 – Custeio da inscrição, passagem e hospedagem da professora de inglês para participar da XII Convenção Anual do Braz-Tesol (organização que congrega professores de inglês de todo o país) que será realizado no período de 14 a 17 de julho em Fortaleza, CE.


1 a 3 de Outubro de 2008Congresso Chanceler 40 Anos que terá como tema: “Conhecer o passado para construir futuro”. A idéia é que o congresso realize várias mesas redondas com a participação de ex-alunos, ex-professores e pessoas que estiveram ligadas à história da escola (tanto da época do Vocacional como do período posterior). Temos a intenção de levar para Rio Claro o arquiteto Pedro Torrano que concebeu o conjunto arquitetônico daquela unidade do Vocacional, bem como ex-alunos de outras unidades do Vocacional.


2009 – Projeto África em parceria com uma escola de Salvador que culminará com um “estudo do meio” à capital baiana onde os alunos terão a oportunidade de participar do congresso promovido pela escola parceira, visitar uma comunidade quilombola nos arredores de Salvador, e conhecer a primeira capital brasileira.
Sem data definida: Projeto Caminho de Volta que pretende fazer com que um grupo de alunos da escola realize o caminho de volta ao continente de origem dos antepassados da maioria dos alunos que hoje freqüentam o Chanceler. Esse projeto tem por objetivo levar um grupo de alunos (acompanhados dos professores de história e de língua portuguesa) até Moçambique onde conhecerão a cultura e a história daquele país, bem como uma escola de ensino médio.


Projeto especial

A GVive Rio Claro vem trabalhando também para a implementação de um programa voltado para meninas, que tem como objetivo oferecer a oportunidade de participar do Cultural Care Au Pair (http://www.culturalcare.com/) nos Estados Unidos.
Nosso projeto é montar um programa de preparação das alunas da escola (que não deverá durar menos do que dois anos) que deverá incluir:


- curso de inglês
- curso de formação cultura geral
- curso de puericultura e estágio em creches da prefeitura
- curso de formação de motorista e posterior obtenção da Carteira Nacional de Habilitação
- programa de acompanhamento psicológico das candidatas.

Como esse projeto envolverá muitos parceiros e patrocinadores, penso que será necessário contar com a participação oficial da GVive como organização não-governamental. Para isso, o artigo 1 do estatuto da GVive precisa incluir na sua redação uma referência à “promover parcerias com as unidades escolares onde funcionaram os Ginásios Vocacionais”.
Todos os projetos que estamos planejando realizar encontram-se abertos à participação de todos os membros da GVive.

Caros companheiros, essas foram as atividades realizadas pela GVive Rio Claro e os nosso planos para o futuro. Gostaríamos muito de poder contar (como temos contado) com o envolvimento e participação dos colegas não apenas de São Paulo, como de outras unidades.
Chamamos especial atenção para a realização do Congresso em outubro, quando gostaríamos de poder contar com a participação do maior número possível de ex-alunos do Vocacional tanto de Rio Claro como das outras unidades.
É importante ressaltar que há certa movimentação nos meios políticos locais para transformar o Vocacional de Rio Claro num monte de coisas desconexas e sem sentido.
É nossa idéia utilizar o Congresso de outubro como plataforma para o lançamento de uma campanha de luta pelo tombamento do conjunto arquitetônico do antigo Ginásio Vocacional de Rio Claro de tal forma que sua utilização fique restrita e limitada a uso exclusivo da educação.
E com isso, despeço-me de todos com um fraternal abraço,

Eduardo Amos
GV Rio Claro – turma de 63

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Seminario de Educação e Lançamento de Livro-2005



GVive Associação dos Ex-Alunos e Amigos do Ensino Vocacional. 2005

Convida:

Semana de Revalorização e Resgate do Sistema de Ensino Vocacional.

Em Americana - dia 25/10/ 2005 as 8.30 h na Unisal.

DIA 24 e 25 DE OUTUBRO acontece a "V Semana da Educação" que será promovida pelo UNISAL (Centro Universitário Salesiano de São Paulo) – unidade de Americana-SP, terá como tema central: “Juventude – Dilemas e Desafios para a Educação”.

E no dia 25 DE OUTUBRO, às 8:30h, a Palestra do Prof MS. Ary Meirelles Jacobucci, ex-aluno do GEVA -Ginásio Est.Vocacional de Americana, estará participando da mesa redonda: Protagonismo Pedagógico.
O tema de sua palestra será “O GEVA e suas pedagogias”.

Local: Miniauditório Pe. João Baldam - Campus Dom Bosco - Americana.
Rua Dom Bosco, 100 - Sta. Catarina - Americana - SP. Ao lado da Igreja Dom
Bosco.fone: (19) 3471-9700.

Em São Paulo - no dia 25 de outubro, às 18:30 h, na Livraria Cortez
Rua Bartira, 317 – Perdizes - São Paulo - ao lado da PUC.




Ocorrerá o lançamento do livro “Ensino Vocacional – Uma Pedagogia Atual”, organizado pela Profa. Esméria Rovai. O livro apresenta reflexões teóricas bem fundamentadas na prática. Não trata de teoria apenas, mas da relação teoria e prática alimentada pela postura da reflexão-ação-reflexão, e demonstra que é viável construir-se um projeto de educação bem-sucedido no seu propósito de promover o desenvolvimento integral de jovens de diferentes realidades culturais e sociais. “A experiência político-pedagógica das Escolas Vocacionais relatada neste livro, demonstra o esforço permanente de educadores militantes que buscam na relação teoria — prática, a construção de uma proposta educacional que possibilite uma sólida formação intelectual de nossos jovens, aliada ao compromisso de transformação de uma sociedade desigual, como é a brasileira. Constituiu-se numa experiência pioneira de ‘escolas de cidadania’.”,diz a Prfa Lisete Regina Gomes Arelaro, da Faculdade de Educação da USP. Informações pelo tel: 11 3873-7111
A GVive agradece a divulgação e a presença de todos!

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Imagens dos Eventos em Rio Claro 20


II Concurso de Fotografia da Escola Chanceler Raul Fernandes
Composição da mesa: Professora Ana Lucia Palácio Nakamura, Corpo Docente da escola, Supervisora de Ensino, Eunice Aparecida da Rocha Camargo, Diretora da Escola Estadual Chanceler Raul Fernandes, Eduardo Amos ex-aluno da escola e representante do Núcleo Rio Claro da GVive e Luigy, presidente da GVive-SP












Eduardo Amos (GVive Rio Claro), Samoel Ramos de Alcântara, o jovem ganhador da bolsa de estudos em Cambridge e João Sabino (Editora Cambridge do Brasil).





Professores: Raphael Rocha, Maria Helena Carromeu, Milton Malavassi e Angelo Schoenacker





Entrevista com o professor Felício Rossini






Visita à professora Clemência Pizzicati, Artes Plásticas









Rio Claro - Discurso de Eduardo Amos (fragmento)








Rio Claro - Discurso de Luigy (fragmento)






Entrevista Professor Felício (fragmentos)




Entrevista Professor Felício (fragmentos)

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

II Mostra de Fotografia - Relatos Nucleo Rio Claro -


RELATO DE VIAGEM





II Concurso de Fotografia do Colégio Chanceler Raul Fernadez patrocinado pela GVive de Rio Claro.

Foi uma cerimônia de premiação muito bonita e emocionante, na qual os oradores entre os quais o presidente da GVive de São Paulo, Luiz Carlos Marques - Luigy, o Eduardo Amos da GVive de Rio Claro, os ex-alunos Carlos Alberto Hoffmann e João Sabino Madureira Neto - diretor da Editora Cambridge. Após destacarem o significado do Concurso de Fotografia na formação dos alunos ressaltaram a importância do Ensino Vocacional em suas vidas e na vida pública do país. Na ocasião além dos prêmios para as melhores fotografias, foi concedida uma bolsa de estudos para complementação de estudos no exterior ao aluno Samoel Ramos de Alcântara do 2.o ano do ensino médio pela GVive de Rio Claro, vencedor do processo de seleção realizado no primeiro semestre

Foi muito interessante perceber que o espírito do Vocacional ainda está muito presente em todos seus ex-alunos e ex-professores, que a todo momento estabelecem relações entre as atividades atuais e a formação que receberam.

Após a cerimônia cerca de 30 colegas e a diretoria da escola Chanceler Raul Fernandes seguiram em caravana a uma pizzaria.
O colega Eduardo Amos, nos proporcionou uma grata surpresa ao informar que a conta havia sido paga pela Rainha da Inglaterra, por intermédio do ex-aluno João Sabino da Editora Cambridge do Brasil (Universidade Cambridge Of England).

Para nós, da GVive de São Paulo, foi uma excelente oportunidade para conhecer o trabalho desenvolvido pelo pessoal de Rio Claro e estreitar nosso laços para futuras atividades conjuntas.

Vários ex-professores estiveram presentes: os profs. Angelo Schoenchaker, Artes Industriais, Milton Malavassi, também, Artes Industriais, Raphael Rocha, Educação Física, Maria Helena Carromeu, Artes Plásticas e Cida Schoenacker, do SEV e vice-presidente da GVive.

No dia seguinte ao evento o GT Memória entrevistou o Prof. Felício Rossini, de Artes Industriais e que deu aula para as primeiras turmas vocacionais em Rio Claro.
Foram depoimentos ricos em detalhes sobre o trabalho pedagógico e as experiências vividas ali.

A tarde seguimos para Piracicaba em visita a ex-professora de Artes Plasticas, Oswaldo Aranha, Clemência Pizzicati
30/agosto/2008

sexta-feira, 25 de julho de 2008

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 132

REVISTA EDUCAÇÃO - EDIÇÃO 132


No tempo do "estudo integrado"Ginásios vocacionais e colégios experimentais trabalhavam com conceitos semelhantes aos de trans e interdisciplinaridade

Esméria Rovai, organizadora de livro sobre os ginásios vocacionais: interdisciplinaridade nos anos 60
A experiência dos antigos ginásios vocacionais, que existiram no Estado de São Paulo entre os anos de 1962 e 1969, terminando com o acirramento da ditadura militar, foi a responsável pelo melhor trabalho de interdisciplinaridade já realizado no Brasil. É o que defende a professora Esméria Rovai, doutora em psicologia da educação e autora de Ensino vocacional, uma pedagogia atual (Cortez). A experiência dos ginásios vocacionais no período acabou se restringindo a seis escolas no Estado de São Paulo - uma na capital e outras nas cidades de Batatais, Americana, Rio Claro, Barretos e São Caetano do Sul. Por serem ginásios em período integral, com atividades variadas no período da tarde, eram acusados de muito custosos por gestores da época. Sobretudo depois do Ato Institucional número 5, quando o incentivo à formação de alunos intelectualmente autônomos passou a constituir grande incômodo.
Naqueles tempos, como lembra Esméria, o termo utilizado era "estudo integrado", mas as práticas levadas a cabo pela pedagoga Maria Nilde Mascellani, que liderou o projeto, já trabalhavam várias disciplinas de forma conjunta, com métodos que hoje seriam considerados transdisciplinares. "O aluno começava por um estudo da comunidade, que abrangia diversas disciplinas, porque se chegava a elas por meio de uma problemática, ou seja, o estudo da comunidade", lembra.

Ex-aluna do Ginásio Vocacional do Brooklin, em São Paulo (SP), e hoje diretora-proprietária do Colégio Paulicéia, Carmen Lydia da Silva Trunci de Marco levou algumas experiências do Vocacional para a escola que comanda. "O estudo do meio, por exemplo, foi uma proposta do Vocacional", lembra. Mas o trabalho é muito diferente do que acontecia nos antigos ginásios em razão da infra-estrutura e também em função das exigências da educação nos dias de hoje. "A gente tinha uma casa montada dentro da escola para estudar economia doméstica, tinha uma lanchonete para entender o comércio, tinha horta. Eu tinha talão de cheques para pagar minhas compras na lanchonete, mas não utilizei gramática", conta. "Era um trabalho muito rico, mas difícil de implantar hoje em dia. Como é que eu vou explicar para os pais que não vamos utilizar livros didáticos?", pergunta.
Para Carmem, a educação hoje está muito voltada ao vestibular e às avaliações. "O foco do ensino vocacional era formar pessoas que tivessem liderança, agentes capazes de realizar transformações sociais. A ditadura acabou com isso", completa.
Esméria Rovai avalia que hoje não existe uma noção básica entre os educadores sobre o que é uma metodologia interdisciplinar, não há orientação clara sobre isso. "Na prática, cada escola faz de um jeito", diz. Certa vez, uma aluna veio lhe contar que foram fazer um estudo do meio. Então Esméria perguntou qual o motivo de terem ido visitar Itu. A resposta foi que os professores haviam sugerido várias opções e os alunos sugeriram a cidade. "No Vocacional, o aluno não escolhia onde queria fazer estudo do meio, o estudo do meio surgia em função da necessidade de estudar um problema. Se o problema era como se dá o desenvolvimento regional da região Centro-Oeste, então a gente tinha de fazer estudo do meio numa cidade dessa região. O estudo do meio se realiza no local que oferece mais possibilidade para o aluno estabelecer relações e fazer algo mais completo, colher dados, verificá-los e analisá-los. Só tem sentido a partir do momento em que você já está estudando algum assunto. Se não for isso, vira um piquenique, uma excursão", ressalta.
Nos ginásios vocacionais, relembra Esméria, ao fazer um projeto na área de artes industriais, o aluno entrava em contato com a matemática, com a produção industrial, com noções de ciências, de história. Dessa maneira, todas as disciplinas se integravam no estudo de um problema, a partir do qual o aluno estabelecia relações.
"Na interdisciplinaridade, não necessariamente todas as disciplinas precisam ser integradas. É possível fazer um estudo com duas ou três delas", explica Esméria. Na concepção pedagógica do Vocacional, o objetivo não era o estudo da disciplina, mas do problema para o qual a matéria trazia uma contribuição para a sua compreensão. Para a pesquisadora, nenhuma experiência de interdisciplinaridade que ela conheça suplantou a dos ginásios da década de 60.
Os experimentaisConcebida na mesma década, a experiência do EEPG Experimental da Lapa Dr. Edmundo de Carvalho também é fonte de inspiração para muitos educadores. Cristina Salvador, que hoje se dedica à formação docente e aos estudos de inter e transdisciplinaridade na Universidade São Judas Tadeu, foi professora e posteriormente coordenadora do Experimental da Lapa. "Quando fui refletir sobre as questões da interdisciplinaridade, a minha dissertação foi todinha baseada na vivência construída naquela época. Vi que tínhamos uma proposta interdisciplinar sem saber que éramos interdisciplinares", conta. Naquela época, os termos utilizados para designar esse tipo de prática eram "proposta" e "inserção no contexto".
Cristina lembra que os professores trabalhavam sempre de forma coletiva. "Partíamos das disciplinas que ministrávamos, mas, na ação, na construção prática, o que fazíamos já era interdisciplinaridade. Decidíamos tudo no coletivo, tínhamos um trabalho que envolvia a horizontalidade, porque se reuniam as disciplinas para discutir os conteúdos que estavam sendo estudados. E também atuávamos na verticalidade das séries, sabíamos o que cada série estava estudando. Eu sabia como cada colega ia dar continuidade ou me anteceder em um trabalho. Pensávamos na integralidade do curso", explica.Na letra da lei
"A interdisciplinaridade tem uma função instrumental." É o que diz o documento que explica as bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), editado no ano 2000 pelo Ministério da Educação para dar seguimento e tornar concretos os princípios educacionais definidos pela Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 1996 (LDB 9394/96). Segundo a orientação do MEC, o ensino médio deve ser estruturado em três grandes vertentes: linguagens e códigos; ciências da natureza e matemática; ciências humanas - todos os três campos acompanhados de suas respectivas tecnologias.
O documento explica que a adoção da interdisciplinaridade não tem como meta acabar com a divisão por matérias, mas sim "utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista". Isso a partir "de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência ou divergência".


No tempo do "estudo integrado"Ginásios vocacionais e colégios experimentais trabalhavam com conceitos semelhantes aos de trans e interdisciplinaridade

Esméria Rovai, organizadora de livro sobre os ginásios vocacionais: interdisciplinaridade nos anos 60
A experiência dos antigos ginásios vocacionais, que existiram no Estado de São Paulo entre os anos de 1962 e 1969, terminando com o acirramento da ditadura militar, foi a responsável pelo melhor trabalho de interdisciplinaridade já realizado no Brasil. É o que defende a professora Esméria Rovai, doutora em psicologia da educação e autora de Ensino vocacional, uma pedagogia atual (Cortez). A experiência dos ginásios vocacionais no período acabou se restringindo a seis escolas no Estado de São Paulo - uma na capital e outras nas cidades de Batatais, Americana, Rio Claro, Barretos e São Caetano do Sul. Por serem ginásios em período integral, com atividades variadas no período da tarde, eram acusados de muito custosos por gestores da época. Sobretudo depois do Ato Institucional número 5, quando o incentivo à formação de alunos intelectualmente autônomos passou a constituir grande incômodo.
Naqueles tempos, como lembra Esméria, o termo utilizado era "estudo integrado", mas as práticas levadas a cabo pela pedagoga Maria Nilde Mascellani, que liderou o projeto, já trabalhavam várias disciplinas de forma conjunta, com métodos que hoje seriam considerados transdisciplinares. "O aluno começava por um estudo da comunidade, que abrangia diversas disciplinas, porque se chegava a elas por meio de uma problemática, ou seja, o estudo da comunidade", lembra.

Ex-aluna do Ginásio Vocacional do Brooklin, em São Paulo (SP), e hoje diretora-proprietária do Colégio Paulicéia, Carmen Lydia da Silva Trunci de Marco levou algumas experiências do Vocacional para a escola que comanda. "O estudo do meio, por exemplo, foi uma proposta do Vocacional", lembra. Mas o trabalho é muito diferente do que acontecia nos antigos ginásios em razão da infra-estrutura e também em função das exigências da educação nos dias de hoje. "A gente tinha uma casa montada dentro da escola para estudar economia doméstica, tinha uma lanchonete para entender o comércio, tinha horta. Eu tinha talão de cheques para pagar minhas compras na lanchonete, mas não utilizei gramática", conta. "Era um trabalho muito rico, mas difícil de implantar hoje em dia. Como é que eu vou explicar para os pais que não vamos utilizar livros didáticos?", pergunta.
Para Carmem, a educação hoje está muito voltada ao vestibular e às avaliações. "O foco do ensino vocacional era formar pessoas que tivessem liderança, agentes capazes de realizar transformações sociais. A ditadura acabou com isso", completa.
Esméria Rovai avalia que hoje não existe uma noção básica entre os educadores sobre o que é uma metodologia interdisciplinar, não há orientação clara sobre isso. "Na prática, cada escola faz de um jeito", diz. Certa vez, uma aluna veio lhe contar que foram fazer um estudo do meio. Então Esméria perguntou qual o motivo de terem ido visitar Itu. A resposta foi que os professores haviam sugerido várias opções e os alunos sugeriram a cidade. "No Vocacional, o aluno não escolhia onde queria fazer estudo do meio, o estudo do meio surgia em função da necessidade de estudar um problema. Se o problema era como se dá o desenvolvimento regional da região Centro-Oeste, então a gente tinha de fazer estudo do meio numa cidade dessa região. O estudo do meio se realiza no local que oferece mais possibilidade para o aluno estabelecer relações e fazer algo mais completo, colher dados, verificá-los e analisá-los. Só tem sentido a partir do momento em que você já está estudando algum assunto. Se não for isso, vira um piquenique, uma excursão", ressalta.
Nos ginásios vocacionais, relembra Esméria, ao fazer um projeto na área de artes industriais, o aluno entrava em contato com a matemática, com a produção industrial, com noções de ciências, de história. Dessa maneira, todas as disciplinas se integravam no estudo de um problema, a partir do qual o aluno estabelecia relações.
"Na interdisciplinaridade, não necessariamente todas as disciplinas precisam ser integradas. É possível fazer um estudo com duas ou três delas", explica Esméria. Na concepção pedagógica do Vocacional, o objetivo não era o estudo da disciplina, mas do problema para o qual a matéria trazia uma contribuição para a sua compreensão. Para a pesquisadora, nenhuma experiência de interdisciplinaridade que ela conheça suplantou a dos ginásios da década de 60.
Os experimentaisConcebida na mesma década, a experiência do EEPG Experimental da Lapa Dr. Edmundo de Carvalho também é fonte de inspiração para muitos educadores. Cristina Salvador, que hoje se dedica à formação docente e aos estudos de inter e transdisciplinaridade na Universidade São Judas Tadeu, foi professora e posteriormente coordenadora do Experimental da Lapa. "Quando fui refletir sobre as questões da interdisciplinaridade, a minha dissertação foi todinha baseada na vivência construída naquela época. Vi que tínhamos uma proposta interdisciplinar sem saber que éramos interdisciplinares", conta. Naquela época, os termos utilizados para designar esse tipo de prática eram "proposta" e "inserção no contexto".
Cristina lembra que os professores trabalhavam sempre de forma coletiva. "Partíamos das disciplinas que ministrávamos, mas, na ação, na construção prática, o que fazíamos já era interdisciplinaridade. Decidíamos tudo no coletivo, tínhamos um trabalho que envolvia a horizontalidade, porque se reuniam as disciplinas para discutir os conteúdos que estavam sendo estudados. E também atuávamos na verticalidade das séries, sabíamos o que cada série estava estudando. Eu sabia como cada colega ia dar continuidade ou me anteceder em um trabalho. Pensávamos na integralidade do curso", explica.Na letra da lei
"A interdisciplinaridade tem uma função instrumental." É o que diz o documento que explica as bases legais dos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM), editado no ano 2000 pelo Ministério da Educação para dar seguimento e tornar concretos os princípios educacionais definidos pela Lei de Diretrizes e Bases promulgada em 1996 (LDB 9394/96). Segundo a orientação do MEC, o ensino médio deve ser estruturado em três grandes vertentes: linguagens e códigos; ciências da natureza e matemática; ciências humanas - todos os três campos acompanhados de suas respectivas tecnologias.
O documento explica que a adoção da interdisciplinaridade não tem como meta acabar com a divisão por matérias, mas sim "utilizar os conhecimentos de várias disciplinas para resolver um problema concreto ou compreender um determinado fenômeno sob diferentes pontos de vista". Isso a partir "de uma abordagem relacional, em que se propõe que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas interconexões e passagens entre os conhecimentos através de relações de complementaridade, convergência ou divergência".

domingo, 20 de julho de 2008

As atuações da GVive




















Em outubro de 2005, a gvive participa da Semana da Educação em Americana, a convite de Ary Jacobussy na Unisal. Alem da visita a antiga sede do GEVA, sao recebidos pelo Editor do Jornal O Liberal, Sr Diogenes, grande entusiasta dos ginasios vocacionais, desde a primeira hora.

Publicações sobre os GVs